quarta-feira

FlashBack!: 7ª Parte

Assim que o diretor desapareceu pelo corredor, o faxineiro encaminhou-se para o balde. Recolheu todo o material de limpeza e seguiu pelo mesmo caminho. Precisou apertar o passo para poder novamente ouvir o assovio do diretor. Este, seguia em seus sonhos, sem dar-se conta do que se anunciava. Enquanto isso, os enfermeiros largavam Nara numa sala. Presa em sua camisa de força, ela não tinha muito mais o que fazer. Pelo menos não naquele momento.

Você me ama? - perguntou Nara. Sim! - respondeu o menino fraquinho vestido de bermuda e camisa branca. Aparentava, mais ou menos, 10 anos de idade e sua roupa poderia passar por qualquer uniforme de colégio de freiras. Nara, também com 10 anos, nem sabia direito o que significava essa palavra, mas ouvia sempre as pessoas falarem isso.

Você ama essa outra mulher? - ouviu sua mãe perguntar para seu pai no dia em que tomou todo o frasco de comprimidos. A visão de sua mãe caída no chão, com a boca espumando, enquanto seu pai saía batendo a porta, era uma das imagens que sempre apareciam em seus sonhos.

Eu te amo mais do que o meu pônei! - seguiu o rapazinho. Duvido! - dizia Nara. Você nunca fez nada pra mim! Você só fica brincando com os outros. Você ama essa outra menina?

O Rapaz não sabia o que dizer, nem o que fazer, quando viu Nara bebendo água sanitária.

- Minha mãe disse que a gente tem que ser boa! Eu quero ser boa também...

E começou a vomitar sem parar. O menino apavorado não sabia o que fazer. Queria ajudar, mas não sabia como. Nara chorava. O menino começou a gritar por ajuda. Em menos de um minuto a sala já estava cheia de gente. Um alvoroço imenso se armava em torno da menina que gritava e apontava para o rapaz: Foi ele... Ele me obrigou a beber!

- Eu não... eu não... - balbuciava o rapaz. A gente só estava conversando!

Nara não parava de gritar. Até o momento em que começou a ter convulsões. Todos falavam ao mesmo. A mãe de Nara chorava e gritava por socorro. O pai não atendia o celular. O menino foi se encolhendo no canto da sala, perto da janela que dava para um lago. Olhou para fora e viu Nara caminhando em direção ao lago. Mas, como podia ser? Se Nara estava alí, na sua frente, caída no chão. Na beira do lago a menina pára e olha em sua direção. Ela parece sussurrar algo. A confusão em que o menino está é tão grande que ele não consegue entender o que ela parece lhe dizer.

O menino corre. Atravessa a confusão em torno o corpo da menina no chão e vai em direção à porta. Ele corre em sua direção. Encontra-a entrando no lago.

- E o seu olhar, por que é assim? - diz ela, olhando por sobre o ombro.
- Assim, como?
- Triste.
- Não sei...
- Sibis...
- Que foi?
- Não me abandone!
- Nunca.


Nesse momento, o médico em casa, pensa:
- Preciso fazer alguma coisa!


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