sábado

AS MÃOS DO PROJETO CURTA AÍ

Acompanhe aí: A estória foi iniciada por mim Defecar, Parir e uma Idéia - E foi parar nas mãos de Tatiana Imponderavelmente Insustentável - Que partiu para Arthurius Maximus Contos Ancestrais - Que logo teve a direção de Dragus Pensamentos Equivocados - Foi parar com Raphael Simplesmente Cinema - Depois com Rob Gordon Championship Vinyl - Partiu para Max [Do lat. imp. improprietate.] -
E agora o destino do curta pode está na suas mãos

ACOMPANHE ESSA BELA TRAMA CONSTRUÍDA POR BLOGUEIROS DE TODOS OS CANTOS DESSE BRASIL AFORA...

quarta-feira

projeto CURTA AÍ

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Storyline: Uma louca que está internada há mais de 10 anos em um sanatório, repentinamente em um dia acorda sã. Ninguém consegue entender tamanho feito conseguido por aquela mulher, e é a partir desse momento que surge uma inédita esperança para a cura da Esquizofrenia.Porém junto com a esperança, coisas inexplicáveis começam a aparecer.

INTRODUÇÃO: O Olhar

Nara Morena foi internada no sanatório São Ferdipino aos 13 anos de idade. Desde o seu nascimento a família enfrentou diversos tratamentos para tentar amenizar o problema cerebral que a garota sofria, mas todo o esforço feito não foi suficiente.

No ano de 1997, Nara Morena brincava com o seu irmão com menos de um ano de idade no quintal da casa dos seus avós, todos estavam felizes e animados com o aparente progresso que Nara ia fazendo e com a promoção de Matias, o seu pai. Enquanto todos estavam dentro da casa conversando e bebendo, as duas crianças estavam no quintal, sozinhas.

Seis horas da tarde, Nara começa a ter um dos seus surtos psicológicos, o excesso da sua loucura chega ao um nível perigoso e infelizmente ninguém na casa percebe. O ápice da sua loucura acontece no momento em que ela começa a chutar e a pisar no seu irmão. Todos só vieram se dar conta do ocorrido quando a criança já estava morta no quintal.

Hoje Nara tem 23 anos e a família nunca veio visitá-la.

- Esse é o quarto 7, a paciente se chama Nara Morena Ferreira. Você precisa fazê-la engolir esses dois comprimidos azuis e esse amarelo aqui... Ela é um pouco difícil de lidar, mas você vai se acostumar. Boa sorte no seu primeiro dia aí... Como é seu nome mesmo? – Fala Bittecout, o Diretor do Sanatório.

- Sibis Nau

- Que nome é esse meu garoto – Fala Bittecout rindo e dando uns tapinhas nas costas do rapaz, saindo para a ir a sua sala. Sibis tenta rir com o comentário feito pelo Diretor, mas o nervosismo do primeiro dia o impede.

“Eu não vou conseguir lidar com esses malucos, o que é que eu estou fazendo aqui... Que merda!..Mas eu estudei para isso... Se acalme, se acalme... Essa é uma ótima oportunidade profissional, eu não posso desperdiçar, agora entre nessa porta e faça seu trabalho” – Fala Sibis em pensamento

Sibis abre a porta 7 e encontra Nara amarrada em uma cama com os olhos fechados. Ele vai se aproximando da paciente aos poucos até chegar próximo ao seu corpo.

- O que é que eu faço, ela está dormindo?

Ele chega próximo ao rosto dela.

- Eu vou ter que...

Nara abre os olhos desesperadamente. Um olhar distante aparece, sem foco, sem vida presente, Sibis tenta interpretar aquele olhar, mas é difícil, parece que ela está presa em um outro lugar.

- Ola, eu sou Sibis, vim...

Nara começa a gritar

- Se acalme, estou aqui para ajudar... - Tenta Sibis acalmar a situação

Ela grita ainda mais alto, cada vez mais alto e tenta puxar o ar para dentro do seu corpo. A sensação é que Nara estava se asfixiando

"Meu Deus eu acho que ela vai morrer" - Pensa Sibis em desespero

E cada vez mais ela tenta puxar o ar que parece que não entra.

- Meu Deus, o que é que eu faço? Ela vai morrer desse jeito... Isso não pode ser normal

Quando ele pensa em sair do quarto para chamar socorro, o olhar de Nara foca no seu. E ela pára de gritar.Ele fica sem entender nada e alguns segundos de silêncio casados com uma intensa troca de olhares se mantém. Depois de quase um minuto ele decide arriscar a falar algo:
- Oi – Fala Sibis

- Oi

“Meu Deus ela respondeu...” – Pensa Sibis

- É isso aqui é... É assim? - Nara

- Assim o que?

- E o seu olhar, por que é assim?

- Assim como? - Sibis

- Triste

Sibis fica um pouco sem jeito e não consegue encontrar palavras para responder.

- Que lugar é esse? – Indaga Nara

- É... Você está fazendo tratamento.

- De que?

- Você tem um pequeno problema no cérebro

- Mas eu estou...

O sr. Bittecout entra no quarto:
- Sibis! O que foi que você fez? – Fala Bittecout com um olhar assustador

- O que foi senhor? Eu só estou conversando com ela

- É disso mesmo que eu estou falando

- Não se pode conversar com os pacientes, Dr. Bittecout?

- Dr. Sibis, não é essa a questão. A questão é que a paciente Nara nunca aprendeu a falar.

- O que?


Um Despertar em Meio a Lembranças: 2ª PARTE

Naquele momento Dr. Sibis muda o semblante, além de assustado fica aterrorizado e absolutamente interrogativo. Quando de repente Nara começa a gritar compulsivamente.

- Por favor! Ajudem-me! Eu consegui fugir! Pensei que jamais conseguiria sair de lá, eles não me deixam, me prenderam! Por favor, onde estou?

Dr. Bittecout olha para Sibis (o jovem médico em seu primeiro dia de residência) muito preocupado, e sem saber como agir com aquela moça que nunca havia falado.

- Minha menina, calma, nós vamos te ajudar. Calma, por favor.

Mas Nara estava muito agitada, se debatia. De tanto se debater, e por estar amarrada, começou a ficar cheia de escoriações pelo corpo. E seu pedido de socorro não cessava, era cada vez mais alto e preocupante.

- Não, eles virão me buscar! Não vão me deixar em paz. Há muito tempo estava sob aquele domínio, não quero mais voltar! Por favor, me ajudem!

- Por favor, menina, acalma-se. Você estava dormindo por muito tempo, nós vamos te ajudar. - Dr. Bittecout tenta acalmá-la.

Naquele momento Nara parou de se debater e chorar por um breve momento, olhou fixamente nos olhos de Sibis, o jovem residente.

- É você! Eu costumava te ver nos meus sonhos! É você! Você que viria me salvar! Por favor, não deixe que me levem outra vez!

Novamente a moça começou a gritar, seu grito era tão alto que parecia um explodir, antes latente, de uma dor angustiante que naquele momento despertara. O som fazia eco pelos corredores do hospital. Dr. Bittecout olhou para Dr. Sibis de uma forma que o rapaz não entendera. O jovem médico só pôde perceber que aquele médico psiquiátrico, com tantos anos de experiência na profissão, nunca havia tratado de um caso parecido.

- Meu rapaz, fique com ela por um instante, preciso chamar os enfermeiros! – Disse Dr. Bittcout já saindo pela porta do quarto correndo, apesar da idade já avançada. Imediatamente Sibis se aproximou da moça, tocou-a na face.

- Calma, não vou deixar que nada te aconteça, tudo vai ficar bem. Dr. Bittecout e eu vamos cuidar bem de você.

- Não! Preciso sair daqui, preciso fugir, eles estão vindo! - Retrucou a jovem absolutamente desesperada.

De repente três enfermeiros adentraram no quarto, acompanhados pelo velho médico. Imediatamente aplicaram uma injeção tranqüilizante naquela jovem. O rapaz, ainda um residente, ficou assustado.

- Ela realmente precisa disso? Ela está com medo! Ela precisa conversar!

- Meu rapaz, você ainda é jovem, não sabe como tratar destes casos, ela vai ficar bem. Já está toda machucada de tanto se debater com as amarras. A família dela nunca veio visitá-la, mas e se resolverem vir? Após este fato, teremos que lhes comunicar que esta jovem acordou de uma espécie de transe, que chamamos aqui de esquizofrenia, e que durou sua vida toda. Exatamente vinte e três anos! E ainda tem a questão do trágico acidente que ela provocou!

- Meu Deus, ela ficou adormecida por tanto tempo? Que acidente? – Indagou Sibis.

- Sim. Ela está aqui há dez anos, desde que assassinou o irmão de um ano, em uma “inocente” brincadeira de crianças. A família a internou, e nunca, nunca, ninguém veio visitá-la. Pagam as mensalidades, perguntam como ela está, mas a verem? Ninguém nunca o fez. E com relação ao caso dela, pudemos diagnosticar que esta moça nunca falou, nunca aprendeu uma única palavra sequer. A principio foi diagnosticada como autista, porém, hoje, a vemos em um universo paralelo, - o que não deixa de ser um sintoma de autismo. Ela tem uma espécie rara de esquizofrenia, além de alguns ares de autismo. – Essa foi á resposta dada ao rapaz, de maneira extremamente serena pelo velho médico, que não estava menos preocupado.

Enquanto isso a moça já havia sido sedada e se acalmara. Os enfermeiros se afastaram. Outra vez ela olhou fixamente nos olhos de Dr. Sibis, e este percebeu que uma lágrima rolou de seus olhos, que deram um último brilho forte, antes de se fecharem. Muito sentido o jovem médico foi convidado a sair do quarto por seu instrutor, Dr. Bittecout.

- É, meu rapaz. Esta foi sua última paciente do dia, mas fechou com “chave de ouro”. Conseguiu até despertá-la! – Com um riso forçado Dr. Bittecout tentou acalmar o rapaz, que nada respondeu. Simplesmente abaixou a cabeça após um sorriso “amarelo” e se despediu.

Já era noite. Sibis estava em seu carro a caminho de casa. Chovia muito e a estrada não era das melhores. O hospital psiquiátrico onde Sibis havia conseguido residência ficava em uma cidade pequena, que estava a trinta quilômetros de sua casa. A viagem estava sendo sofrida. Durante todo o trajeto a imagem daquela moça não lhe saia da cabeça por um minuto sequer. Ele não entendia, mas parece que já a conhecia de alguma lugar. Mas onde? Não sabia e se perguntava– não sabia de nada, absolutamente nada! E aquilo o incomodava profundamente. Mas mesmo assim Sibis continuava a dirigir. Um vazio tomava conta de seu peito, um aperto estranho. Era a moça! Ele olhava para o lado, o banco do carona, e a via lá, sentada! Que é isso? Será que estou ficando louco? Dr. Sibis já começava a se questionar em pensamento. Como pode, nunca vi essa moça, e ela ter mexido tanto comigo!

Após alguns quilômetros... Em um relance muito rápido Sibis olha para o vidro do carro totalmente embaçado pela chuva torrente, vê um homem todo vestido de preto, bem ali, no meio da estrada... Ele não consegue frear! Tenta desviar, mas o asfalto está molhado – o carro de Sibis atropela o homem e atravessa a pista, logo na seqüência para no acostamento após bater em uma placa. Preocupado o jovem médico sai do carro para prestar socorro ao estranho pedestre desavisado. – Uma surpresa! Não tinha ninguém ali! Mas ao olhar para frente Sibis percebe um vulto negro, parecia o mesmo homem, que lhe olhava fixamente e... Desapareceu! Todo molhado o jovem volta para seu carro, respira fundo e prossegue sua viagem. Não via a hora de chegar o dia seguinte. Ele precisava desesperadamente se reencontrar com aquela jovem. (...).

3ª PARTE

(...) Sedada em seu quarto/cela no sanatório, Nara parece dormir profundamente. Contudo, a estranha jovem que nunca fala e que todos acreditam ser portadora de graves distúrbios mentais, na verdade está consciente. Há muito, as drogas deixaram de fazer efeito nela. Sua mente poderosa aprendeu rapidamente a anular os efeitos psicotrópicos das medicações comumente usadas pelo Dr. Bittecout. Esse mesmo poder mental era o responsável por seu aprisionamento ali. Sua família a temia e resolvera afastá-la do mundo; na ânsia de que seu segredo estranho nunca fosse revelado. Desde que matara seu irmão caçula na infância, seus pais sabiam que algo estranho se passava com ela.

Conforme crescia, seus poderes tornavam-se mais e mais fortes. Fazendo com que passasse a perceber as tênues divisões existentes entre o mundo dos vivos e o dos mortos. Várias vezes, a pegaram em longas conversas com seres invisíveis e com pessoas que ela dizia estarem mortas.

A gota d’água aconteceu quando finalmente num acesso de fúria inexplicável, Nara acabou assassinando seu irmão. Sua mãe entrou em colapso nervoso e o pai a trouxe para o sanatório. Enlouquecida, a garota balbuciava sons incompreensíveis e parecia implorar perdão. Nunca souberam o que realmente aconteceu; mas, já havia muito tempo, a abandonaram ali. Agora, seus poderes haviam evoluído a tal ponto que ela conseguia distorcer a própria realidade. E usava isso para inibir a ação das drogas em seu organismo; assim como, comunicar-se telepaticamente com quem quisesse.

Agora; ali sozinha na escuridão daquele quarto, via claramente as sombras negras esgueirando-se pelas paredes acolchoadas do cômodo e tomando forma ao redor de as cama. Ela não tinha mais medo. Vira sempre aqueles espectros e assistira, um deles, assassinar seu irmãozinho caçula bem diante de seus olhos. Infelizmente, era ainda muito criança e seus poderes muito insipientes para enfrentá-los e impedir. Novamente, os espectros se anunciavam a ela. O que procurariam? Qual mal fariam agora?

As figuras negras e malditas cercaram seu leito e suas vozes espectrais ecoavam em sua mente como trovões assustadores e encolerizados: “Avisamos a você que se tentasse buscar ajuda, mataríamos quem se aproximasse de você. Por que teimas em nos desafiar? Seu silêncio é a confirmação de nosso pacto”.

Sua cabeça latejava, apesar de saber que os espectros a temiam e que poderia facilmente lidar com eles, sabia que as outras pessoas estariam à mercê de suas malignas atitudes. Ela nunca compreendeu o que os espectros queriam com ela; e nem o motivo pelo qual a obrigaram aquele pacto de silêncio. Tudo o que temia, era que dessem as pessoas que a cercavam o mesmo destino que deram a seu irmão.

Não havia dúvida; naquela noite, eles mostraram como eram poderosos. Em sua mente, eles projetaram a imagem do ataque ao Dr. Sibis na estrada. O fato de poderem projetar-se tão longe e de, mesmo assim, estarem ali com ela em volta de seu leito, a assustava.

Aguardaria os acontecimentos mais um pouco até que conhecesse a exata dimensão dos poderes daquelas criaturas amaldiçoadas. Aí, então, seria a hora de atacar. (...)

4ª PARTE

Dr. Sibis chegou em casa completamente transtornado. Não sabia como explicar para a família a origem das marcas no veículo sem parecer que deveria ter permanecido no emprego, mas como paciente. O desejo de se encontrar com a paciente se diluíra como a chuva que secava no vidro de seu carro. Ele morava em um luxuoso condomínio residencial na parte mais rica da cidade. Não era algo que seu dinheiro bancava, mas sim o trabalho de sua esposa.

Era uma condição no mínimo angustiante para ele ser sustentado pela mulher, mas ambos sabiam que a profissão que ele escolhera não lhe daria mais que o suficiente para bancar algumas contas e de resto continuaria escutando seu pai reclamar o tempo todo de não ter seguido a carreira da família, advogado.

Seu carro percorria pelas ruas desertas do condomínio, agora mais ruidoso que de costume depois do acidente, e o que mais desejava era um banho quente e uma noite ardente com sua mulher, mesmo que o calor fosse resultado das broncas que levaria quando ela visse as marcas do carro.

Chegou em casa, estacionou o carro na garagem e preparou-se para chegar a sala pela porta interna da garagem. De repente escutou um estalo na caixa de força, logo ao seu lado, e tudo escureceu. "Deve ser um fúsivel queimado... porcaria!", reclamou enquanto caminhava em direção a caixa,. Trocou os fusíveis e nada de as luzes voltarem. Depois de muito xingar, e alguns socos, desistiu de insistir e preferiu entrar em casa e procurar por velas. Enquanto tateava as paredes em busca da porta, do lado de fora voltava a chover torrencialmente.

- Querida! Onde estão as velas! - Berrou chamando a mulher para trazer alguma luz.

Nada, nenhuma resposta apenas o som da chuva que caía do lado de fora. Um estranho desespero tomou conta da sua mente e correu pela casa tropeçando em móveis e outros objetos, na direção do quarto de sua esposa. De repente no brilho de um trovejar, viu um vulto enegrecido subir pela janela em direção ao segundo piso, e o quarto de sua mulher ficava nesse andar. Enquanto subia as escadas desesperado começou a escutar o choro de uma criança, um choro irritante.

A porta de seu quarto estava entreaberta, e quando faltavam poucos passos para chegar ao objetivo, o choro da criança foi suprimido pelo som de facadas. Sem pestenejar deu um violento chute na porta e preferiu que não tivesse feito. Seu quarto estava completamente encharcado de sangue, na parede, escrito em diversos idiomas, dos quais ele apenas identificava inglês e espanhol, estavam escritas as palavras "Sabemos que sabe", parecendo terem sido feitas há poucos segundos, ainda esocrrendo frescas. A cena dantesca não era pior que o que estava sobre sua cama. O corpo de uma criança de um ano de idade com a cabeça estourada e cujos restos se espalhavam por todo o ambiente.

Dr. Sibis deu mais alguns passos para ver se realmente era verdade e tocou na criança morta. Seus dedos ficaram imundos de sangue, que ainda estava quente. "Meu deus... quem fez isso!", pensava quando escutou um som no banheiro do quarto.

O banheiro do Dr. Sibis era o mais luxuoso da casa, ordem de sua esposa, e tinha os mais variados confortos dos quais mais gostava era a banheira de hidromassagem, onde passaram momentos felizes.

Ele entrou lentamente no banheiro, e abriu a porta. Viu que a cortina do banheiro de hidromassagem estava fechada e havia alguém ali. A hidro estava com a temperatura bem elevada, e uma densa névoa não lhe permitia ver bem quem ou o que estava ali dentro. Tomado pela preocupação de querer encontrar sua esposa, arrancou as cortinas e viu algo que rezava para não ver.

Sua esposa estava boiando na hidromassagem, a água estava completamente vermelha, e borbulhando. Ele a retirou da banheira e constatou o que não queria ver. A carne de sua mulher já estava cozida pela água fervente, e ela tinha dois talhos. Um no pescoço e outro pouco abaixo da linha de cintura, justamente na altura de seu útero. Tomado de terror olhou para os céus pedindo pela alma de sua esposa e viu no teto os dizeres "Continue e verá!" espanhol, inglês e uma terceira que lembrava latin. Em seguida viu algo boiar na água, era um pequeno feto.

Completamente horrorizado, ele começou a escutar pancadas nas janelas e viu vultos negros tentando quebrar os vidros. Estava com um muito medo, e correu para o telefone para chamar alguma ajuda. A linha estava muda. Pegou seu celular e tentou discar para o número de emergência, mas seu celular não conseguia pegar nenhum sinal. Os vultos começaram a bater com mais violência na janela e o vidro começava a rachar.

Tomado de desespero ele correu pela casa em direção da garagem. Enquanto isso escutava as janelas do segundo andar se partirem e passos inúmeros se aproximando completamente indicretos. No desespero podia jurar que vira uma menina de dez anos sentada no sofá da sala assisitindo televisão, mas estava tão transtornado e desejoso por fugir que não deu importância. Os passos estavam cada vez mais próximos, e ele esbarrava nas coisas que derrubara antes e caía no chão. Sua mão imunda do sangue da criança marcava a parede. Até que um no raio salvador o fez ver a saída para a garagem.

Correu e fechou a porta atrás de si, trnacando-a. Sentiu os monstros tentando derrubar a porta, viu mãos negras passando pelo rodapé e tentando segurar seu pé. Seu carro estava ali, tão próximo e tão distante. Apertou o dispositivo que abria automaticamente as portas e não teve resposta. A porta começava lentamente a ceder.
- Eu preciso correr... Eu preciso correr...

Sr. Sibis correu e pulou na porta do carro. Enfiou a chave, a abriu e rapidamente entrou no carro. Os inúmeros seres de sombras arrebentaram a porta da garagem e começaram a cercar o carro. Nervoso, ele tentava colocar a chave e não conseguia fazer contato. Os vidros do carro começavam a rachar. Ele podia escutar um sussuro vindo das sombras. "Nós sabemos...", diziam os sussuros. De repente ele viu uma mão quebrar os vidros e fechou os olhos forte, pedindo clemência.

E tudo silenciou. O carro parou de tremer, não escutava mais vozes, apenas o som de uma frigideira ao longe fritando algo. Sentiu cheiro de bacon. Aos poucos abriu os olhos, estava em seu carro. Os vidros inteiros, a porta da garagem sem nenhum arranhão.
- Querido? Você está aí? - Perguntou uma doce voz feminina vinda da cozinha.
- Estou!

Dr. Sibis foi atéa cozinha e viu sua esposa terminando de aprontar um jantar especial para aquele dia. Ela o beijou e ele retribuiu dando um beijo nela como nunca dera antes. A mulher estranhou tanto carinho, mas preferiu curtir o momento do que questioná-lo. Quando o beijo termina um sorri para o outro.- Gostei, poderia fazer mais vezes... - Diz sua esposa, com um sorriso maroto.
- Talvez daqui a pouco... - Respondeu, indo para a sala.

Chegou até a sala e sentou-se. Pegou o jornal do dia, folheou algumas páginas. "Tinha sido uma visão, algo gerado pelo susto do acidente", pensou. Sua mulher tornou a chamar e enquanto caminhava para a cozinha viu na parede do corredor algo que não tinha visto antes, a marca de sua mão em sangue. Olhou para si mesmo e viu, o sangue ainda estava em suas mãos.

Dr. Sibis gelou... (...)

O Sonho: 5ª PARTE

Não estava mas distinguindo o real do imaginário... Alguns segundos com os olhos fechados e nada de sangue, confuso com a situação resolve ir se deitar. Foi até a cozinha ainda muito abalado com o acontecido, deu um beijo na sua mulher, abriu a geladeira pegou uma cerveja e comentou que ia se deitar, pois não se sentia bem. Sua esposa na hora percebeu que algo estava errado, mas achou melhor não comentar.

Chegando no quarto a tranqüilidade parece enfim esta no ar... Puxa uma cadeira e senta próximo a sacada do seu quarto e quieto começa a observa o movimento do exterior da sua casa e com ele seus sons... A chuva parecia que não queria parar de cair, o barulho da gota no vidro da sacada era uma coisa agonizante, e junto com o som emitido das arvores o deixava cada vez mas pensativo.

Entre um gole e outro, pega em seu bolso a sua carteira de cigarros encharcada e retira o ultimo cigarro...


O silencio toma conta do quarto e Sibis não consegue tirar aquele olhar de seus pensamentos... Era misterioso, intrigante, e ao mesmo tempo tão azul!

Ele Sabia que poderia passar horas, dias e meses que o acontecido de hoje no hospital não sairia de seus pensamentos.

Dr. Sibis não estava entendendo seus sentimentos, queria saber o que expressavam, mas uma coisa é certa, seus constantes sonhos estariam ligados aquela moça com o nome de Nara e viu através dela uma forma de entender eles, pois aquele olhar constantemente aparecia em seus sonhos.

Sem perceber Sibis cai no sono...

Ao abrir o olho se vê em um corredor muito comprido, tudo estava tão claro que mal conseguia abrir por completo os olhos, logo ao fundo vê que algo esta no chão... ou seria alguém, decidindo descobrir Sibis em direção, mas percebe que é inútil e quanto mas ele anda mas ele se afasta... Vozes começam a ecoar pelo corredor no inicio ele não entende, o significado cada vez fica mais claro e percebe que é uma voz doce e suave que estava a pedir ajuda.

Novamente o silencio toma conta do ambiente e rapidamente tudo fica escuro e Sibis não consegue ao menos ver a palma da sua mão, algo esta segurando os seus pés de modo que fica totalmente paralisado, o coração esta a bater cada vez mais rápido ele sabe que algo esta pra acontecer... quando escuta bem longe um grito que cada vez estava a ficar mais alto, tapando os ouvidos pois o barulho ficou insuportável que começaram a incomodar e dor sentir.

O grito se cala e uma calmaria bate... um brisa gelada passa por Sibis que logo percebe que algo se aproxima quando uma mão muito fria segura o seu ombro e sussurra ao pé do ouvido...


“Sabemos que sabe ... Nos sabemos...”

No susto Sibis acorda e se depara com o rosto da sua bela esposa assustada com a fisionomia do seu marido e começa a tentar acalmá-lo e por um momento esquece do recado que tem pra entregar. Ânimos mais calmos todos relaxados.

Amor! Telefonaram do hospital, falaram que era urgente – Fala esposa.

Sibis retorna a ligação sabendo que para alguém ter ligado pra ele, algo muito grave havia acontecido, pois ele era apenas um novato.

O telefone dispara 3 vezes e na quarta a mesma voz doce e suave do seu sonho atente o telefono era Nara. Sibis logo percebe com quem estava falando e antes que ele questionasse o motivo que ela estava com o telefone e como ela tinha o seu número ele após o choque da ligação percebeu que Nara não parava de repetir uma mesma frase...

“A vida e a morte estão ao meu lado,me ajude” (...)

Olhos: 6ª PARTE

Nara desligou o telefone no momento em que ouviu a porta se abrindo. Havia conseguido escapar do seu quarto, e, após roubar um telefone sem fio da recepção, ligara para o médico. Algo em seu instinto lhe dizia que podia confiar nele. Porém, a recepcionista do turno da noite deve ter dado falta do telefone e comunicado aos seus superiores. Logo, uma busca se iniciou em todo o hospital. Os frutos dessa caçada seriam colhidos agora, pelo Dr. Bittecout e por dois enfermeiros – que mais pareciam leões de chácara. Os três estavam na porta, bloqueando a única saída possível.

– Largue o telefone e venha com a gente, menina. Você não está bem, disse o médico.

Nara não respondeu. Apenas encarou o homem como um animal acuado. Os dois enfermeiros flexionaram os músculos, prontos para imobilizar a paciente assim que a ordem fosse dada.

– Não me obrigue a arrastar você para a ala de segurança. Venha comigo.

– Eles estão atrás de mim!, gritou Nara, sabendo que isso não mudaria nada.

– Peguem-na, disse Dr. Bittecout, ignorando o último comentário.

Os dois enfermeiros pularam sobre a menina e, mais fortes que ela, logo a imobilizaram. Enquanto um deles a segurava, o outro colocou uma camisa de força no seu corpo frágil. A camisa de força tinha um forte cheiro de desinfetante, o que fez Nara pensar rapidamente (e com certo nojo) quais outros usos o pano teria.

– Vamos levá-la para a ala de segurança. Amanhã, resolverei isso com mais calma. Eu os acompanho, disse o médico, de forma decidida.

Os quatro ganharam o corredor. Bittecout à frente e Nara, com os braços imobilizados, o seguia, escoltada pelos dois funcionários, que a seguravam pelos ombros. Nara sabia qual era seu destino: a ala dos internos perigosos e agressivos. Ficaria trancada lá por dias, recebendo doses cavalares de sedativos e sendo vigiada de perto. Enquanto caminhava, via que os poucos funcionários do hospital que estavam no prédio no momento a encaravam de forma assustada, como dois seguranças, um terceiro enfermeiro e a jovem da recepção, que, pelo olhar, aparentemente havia levado aquela invasão aos seus domínios como algo pessoal.

– Acho que fiz uma inimiga, disse Nara, e começou a rir. Bittecout e os enfermeiros a ignoraram.

Continuaram andando e viraram num corredor mais estreito. Portas de um branco impecável, de frente uma para a outra, se estendiam até o final do aposento, mesclando-se com o branco imaculado do chão e das paredes. A única mancha em todo o cenário, como viu Nara, era um homem na metade do corredor, distraidamente passando um esfregão no chão.

Conforme se aproximaram, Nara pode ver melhor as feições do homem e o identificou na hora. Jamais esqueceria aquela olhar frio, ou a boca com uma pequena cicatriz, que impedia a barba de nascer. Estava com os cabelos um pouco mais compridos do que se lembrava, mas era ela, com certeza. Sentiu seu corpo começando a tremer e lutou para escapar dos enfermeiros, que apertaram o toque em seu ombro. O homem continuava a limpar o chão, com um balde ao seu lado. Estava a menos de cinco metros dele, quando gritou:

– É ele! É ele!

Bittecout olhou para trás, assustado, e disse:

– É ele quem?

– O monstro por trás de tudo!

– Quem?

– O monstro por trás de tudo!

– Não, minha filha, isso eu ouvi. Quero saber quem é o monstro por trás de tudo.

Ele, ela disse, olhando para o faxineiro.

– Oi?, disse o faxineiro, levantando os olhos e encarando o médico, temendo ter feito algo errado.

– Desculpe, meu amigo, ela tem problemas, mas nós estamos...

– É ele! Pergunte a ele! É ele! Ele sabe qual a missão dele aqui! É ele!

– Sou?, perguntou o faxineiro, assustado.

Bittecout respirou fundo. Estava cansado. Detestava essas noites que tinha que passar no hospital. Preferia estar em casa, vendo televisão e esquecendo que todo mundo no planeta era maluco e ele era encarregado de cuidar disso. De repente, começou a se imaginar numa praia, fumando um charuto, tomando um drink colorido, com quatro jovens de biquínis sentadas aos seus pés. A brisa morna batia no seu peito. Uma das jovens sorriu para ele... E se transformou no rosto gordo da sua esposa, que disse:

– Sonhando acordado de novo, Bittecout?

Seus pensamentos voltaram para o hospital.

– Merda. Nem sonhar eu posso mais.

Os enfermeiros, que sabiam ser apenas enfermeiros na frente do diretor do sanatório, acharam que era melhor ignorar esse último comentário. Bittecout, porém, já estava nervoso o suficiente. Queria voltar para a praia com as meninas. Olhou para Nara, claramente a culpando por ter estragado sua noite. Agarrou pelos ombros e puxou-a em sua direção, colocando a moça na frente do faxineiro.

– Vamos resolver isso de uma vez por todas. Você diz que ele é o monstro por trás de tudo isso, e que ele sabe disso. Ele sabe disso e sabe qual a missão dele aqui. Certo?

Nara não conseguia responder. Tremia.

– CERTO?, gritou o médico.

–... Certo, balbuciou a menina.

– Então vamos resolver isso.

Olhou para o faxineiro profundamente. Respirou fundo. Estava realmente cansado. Uma das meninas tentou entrar na sua cabeça, o convidando para um mergulho, e ele a afastou pensando “Agora não! Agora não!”. Concentrou-se no faxineiro e perguntou:

– Meu filho, você sabe quem é você?

– Sei, sim senhor, disse o homem.

– E você conhece essa menina?

– Não, senhor.

– Ela disse que você está por trás de todos os tormentos dela. E que você sabe disso.

– Estou? Sei?

– É o que ela diz. Há quanto tempo você trabalha aqui?

– Dez dias.

– Minha filha, preste bem atenção nisso, disse o médico, olhando para Nara.

A jovem tremia. Pensou em gritar, mas isso não ajudaria nada. Bittecout continuou:

– A moça diz que você está por trás de todos os tormentos dela. Responda-me, na frente dela, de onde você veio?

– Como eu cheguei aqui?

– Isso.

– De trem.

– Não. Como você veio parar nesse hospital? No mesmo hospital que ela?

– Ah... Foi a agência de empregos que me indicou. Eu trabalhava numa escola antes, mas as crianças não davam sossego. Aqui é mais sossegado, só tem maluco. Mas, olha, eu tenho referências, viu?

– Fique tranqüilo. Quero saber mais uma coisa. Qual a sua missão aqui?

– Minha missão?

– Sim, ela diz que você tem uma missão e sabe qual é. Então, nos diga, na frente da moça... Qual sua missão?

– Bom, eu tinha que terminar de limpar as janelas do terceiro andar e esse corredor aqui. As janelas eu limpei a tarde... E o corredor... Bom, já foi mais da metade...

O faxineiro olhou para trás, encarando os quase cinco metros que o separavam da porta que levava à ala de segurança. Analisou a cena com cuidado e voltou-se para o médico.

– Acho que minha missão, então, é esse pedaço aqui. O resto eu já fiz. O senhor que ir ver as janelas?

– Não é necessário, respondeu Bittecout. Olhou para os dois enfermeiros e apontou para a porta, ordenando que levassem Nara. A moça começou a gritar e espernear, mas os faxineiros eram muito mais fortes que ela. Atravessaram a porta e um dos homens a fechou.

Bittecout ouviu o barulho de uma tranca, virou as costas e começou a caminhar até sua sala. Antes mesmo da esquina, já estava de bermudas e meio embriagado, apanhando conchinhas à beira-mar com três das garotas, que dançavam ao seu redor. A quarta estava sentada em sua cadeira, mantendo seu drink gelado e seu charuto aceso. Bittecout apertou os olhos e sorriu para a menina, que sorriu de volta. Olhou ao redor e viu o mar azul, o Sol brilhando, crianças brincando na areia. Só não viu sua esposa. Sorriu.

Sorriu sem saber que, além da esposa, não tinha visto também a faca cheia de sangue dentro do balde. E quando começou a assoviar, andando de costas para o homem, também não viu que os olhos do faxineiro deixaram de ser humanos e se tornaram vermelhos. E foram esses olhos vermelhos e monstruosos que fitaram o diretor até que ele virasse o corredor e desaparecesse de vista.

FlashBack!: 7ª Parte

Assim que o diretor desapareceu pelo corredor, o faxineiro encaminhou-se para o balde. Recolheu todo o material de limpeza e seguiu pelo mesmo caminho. Precisou apertar o passo para poder novamente ouvir o assovio do diretor. Este, seguia em seus sonhos, sem dar-se conta do que se anunciava. Enquanto isso, os enfermeiros largavam Nara numa sala. Presa em sua camisa de força, ela não tinha muito mais o que fazer. Pelo menos não naquele momento.

Você me ama? - perguntou Nara. Sim! - respondeu o menino fraquinho vestido de bermuda e camisa branca. Aparentava, mais ou menos, 10 anos de idade e sua roupa poderia passar por qualquer uniforme de colégio de freiras. Nara, também com 10 anos, nem sabia direito o que significava essa palavra, mas ouvia sempre as pessoas falarem isso.

Você ama essa outra mulher? - ouviu sua mãe perguntar para seu pai no dia em que tomou todo o frasco de comprimidos. A visão de sua mãe caída no chão, com a boca espumando, enquanto seu pai saía batendo a porta, era uma das imagens que sempre apareciam em seus sonhos.

Eu te amo mais do que o meu pônei! - seguiu o rapazinho. Duvido! - dizia Nara. Você nunca fez nada pra mim! Você só fica brincando com os outros. Você ama essa outra menina?

O Rapaz não sabia o que dizer, nem o que fazer, quando viu Nara bebendo água sanitária.

- Minha mãe disse que a gente tem que ser boa! Eu quero ser boa também...

E começou a vomitar sem parar. O menino apavorado não sabia o que fazer. Queria ajudar, mas não sabia como. Nara chorava. O menino começou a gritar por ajuda. Em menos de um minuto a sala já estava cheia de gente. Um alvoroço imenso se armava em torno da menina que gritava e apontava para o rapaz: Foi ele... Ele me obrigou a beber!

- Eu não... eu não... - balbuciava o rapaz. A gente só estava conversando!

Nara não parava de gritar. Até o momento em que começou a ter convulsões. Todos falavam ao mesmo. A mãe de Nara chorava e gritava por socorro. O pai não atendia o celular. O menino foi se encolhendo no canto da sala, perto da janela que dava para um lago. Olhou para fora e viu Nara caminhando em direção ao lago. Mas, como podia ser? Se Nara estava alí, na sua frente, caída no chão. Na beira do lago a menina pára e olha em sua direção. Ela parece sussurrar algo. A confusão em que o menino está é tão grande que ele não consegue entender o que ela parece lhe dizer.

O menino corre. Atravessa a confusão em torno o corpo da menina no chão e vai em direção à porta. Ele corre em sua direção. Encontra-a entrando no lago.

- E o seu olhar, por que é assim? - diz ela, olhando por sobre o ombro.
- Assim, como?
- Triste.
- Não sei...
- Sibis...
- Que foi?
- Não me abandone!
- Nunca.


Nesse momento, o médico em casa, pensa:
- Preciso fazer alguma coisa!


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